sábado, 28 de janeiro de 2012

APRENDENDO A APRENDER - PAIS E FILHOS

          Quem nesta vida não se aventurou a dar conselhos sem que tenha falhado em suas próprias decisões?
            Às vezes, ensinar e dar exemplo pode nos expor ao risco de nos tornarmos espelho opaco para aqueles que vêem em nós a figura a ser copiada. É por esse motivo, só posso crer, que uma das nossas funções cerebrais é exatamente tratar de transferir a culpa de si mesmo para outra pessoa quando algo que fazemos não sai como planejado. Segundo o psicólogo canadense Steven Pinker em uma entrevista à revista Época, nossa primeira reação ao nosso próprio erro é tentar minimizar os efeitos negativos dos nossos atos e em segundo lugar, encontrar uma válvula por onde penetre nossa redenção e escape nossa culpa em detrimento de quem nos incentivou, nos aconselhou e nos serviu de exemplo.
    
          Baseado nessas conjecturas, podemos indagar: até que ponto nossos filhos são reflexos de nós mesmos?
Muitos pais e familiares costumam sempre afirmar que o filho "é a cara do pai". Mas, até onde essas comparações são levadas a sério e até que ponto pais e familiares aceitam essas comparações? O fato é que, quando os filhos saem ao gosto dos pais e enquadram-se nos padrões determinados pelos costumes sociais compreendidos como normais, torna-se um orgulho para os pais as tais comparações, um certo ar de heroísmo circunda os pais assim que percebem no filho aquilo que desejaria mostrar de seu reflexo, porém, a moeda nem sempre apresenta a mesma face quando os filhos não correspondem às expectativas dos pais. Nesse caso, uma comparação ate pode ser compreendida como uma afronta e uns como outros, tanto pais como filhos, que nesses casos têm mútua aversão, tratam logo de relevar em primeiro grau as diferenças enquanto buscam sombrear alguma semelhança que justifique qualquer comparação.



         Ora, essas respostas, claro, são inalcançáveis, porém o que fica claro é que o mais razoável é nunca querer que nossos filhos sejam o reflexo de nós mesmos e atinjam os degraus que não conseguimos atingir, que não queiramos que nossos filhos superem as fragilidades que tivemos e superem nossos próprios fracassos... é preciso que compreendamos que nossos filhos, apesar de acharmos que são extensão de nós mesmos, são pessoas e tornar-se-ão autônomas, independentes. É preciso sabermos que cada um é único, que cada ser humano é um indivíduo com qualidades e defeitos, com sentimentos e crenças segundo suas próprias convicções e percepções pessoais. 
          Pais, respeitemos mais nossos filhos antes de cobrarmos nosso devido respeito!