domingo, 16 de janeiro de 2011

O DISCURSO DO SILÊNCIO

Nós, seres humanos, somos levados a criar expectativas e explorar o universo que nos cerca com uma curiosidade investigativa que aflora e nos toma desde os primeiros dias de vida.
Seja a voz da mãe, o cheiro da casa, das roupas, o sabor do peito, a cor dos objetos, o som da natureza, uma música, um perfume, uma fruta... Tudo é motivo para sentirmos e identificarmos como sendo parte do nosso universo. A partir das nossas sensações e do que dizem os nossos educadores, aprendemos e criamos conceitos que, dentro de nós, muitas vezes são confusos e outras, bem definidos acerca de cada objeto, cada sensação, cada momento... 
Não raro, entretanto, as nossas palavras parecem não ser suficientes para expressarmos ou demonstrarmos uma sensação que temos. A fala e os recursos da língua não têm a devida capacidade de expressar suficientemente o todo que existe em nós de forma que sintetize em sons e vocábulos o que muitas vezes sentimos.

É, talvez, por isso, que exista a arte.

Nada mais eloquente que uma escultura, uma pintura, uma música, uma dança...
Quem poderia imaginar quantos tormentos, quanta tortura, quanta paixão, quanta loucura, quanto amor, quanto ódio, quanta esperança, quanta paz, possa haver no interior de um artista que expressa tudo isso em formas, cores, sons, movimentos... e tudo isso no mais perfeito silêncio.

Mas há em toda a arte um eterno discurso. 
Na arte não há silêncios.
Na arte há o artista revelado em cada movimento realizado para a consecução de sua obra.
Alí há, na verdade o seu silêncio, que fala muito mais que se ele tentasse passar cada minuto de seus dias falando ao mundo o mundo que é o seu interior.
Dito isto, ocorre-me a máxima: Prefiro calar, posto que quando falo corro o risco de não dizer tudo.

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